O Sapo
Não há jardineiro assim,
Não há hortelão melhor
Para uma horta ou jardim,
Para os tratar com amor.
Por isso ficam zangadas
As flores se se faz mal
A quem as traz bem guardadas
Com seu cuidado leal.
E ao pobre sapo, que é cheio
De amor pela terra amiga,
Dizem-lhe muitos que é feio,
E há quem o mate e persiga!
Mas as flores ficam zangadas,
Choram e dizem por fim:
-Então ele traz-nos guardadas,
E, depois, pagam-lhe assim?!
E, vendo à noite passar
O sapo cheio de medo,
As flores, pró consolar,
Chamam-lhe lindo em segredo.
AFONSO LOPES VIEIRA, Animais Nossos Amigos.
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